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    Home»Arquitetura»Quando usar arquitetura modular — e quando não usar

    Quando usar arquitetura modular — e quando não usar

    Jhonathan SoaresBy Jhonathan Soares19 de setembro de 20256 Mins Read Arquitetura
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    Modularidade como resposta à complexidade

    A história da engenharia de software é, em muitos aspectos, a história da luta contra a complexidade. Desde os primeiros monólitos mainframe até as arquiteturas distribuídas em nuvem, sempre existiu uma tensão: como manter sistemas compreensíveis e ao mesmo tempo capazes de crescer com as demandas de negócio?

    É nesse contexto que surge a arquitetura modular. A ideia não é nova: separar responsabilidades, encapsular detalhes e definir interfaces claras são práticas que remontam à programação estruturada e ao design orientado a objetos. O que muda, ao longo do tempo, é a escala. Em sistemas modernos — que conectam milhares de usuários simultaneamente, com dezenas de times mexendo no mesmo código — modularidade deixa de ser uma boa prática e passa a ser questão de sobrevivência.

    O problema é que modularidade não vem sem custos. Projetar módulos exige disciplina, manutenção de fronteiras e, muitas vezes, abrir mão de velocidade inicial em nome de sustentabilidade a longo prazo. Isso gera a pergunta central deste artigo: quando vale a pena investir em arquitetura modular e quando não?

    Para responder, vamos recorrer tanto a experiência prática quanto a ensinamentos de obras como Building Evolutionary Architectures (Neal Ford, Rebecca Parsons e Patrick Kua), que defendem a ideia de arquiteturas como organismos vivos, moldados por fitness functions — critérios mensuráveis que orientam a evolução sem aprisionar em escolhas definitivas.


    O que é arquitetura modular — e por que ela importa

    Na essência, modularidade significa dividir um sistema em partes menores, coesas e fracamente acopladas, com interfaces explícitas e responsabilidades bem definidas. Esses módulos podem viver dentro de um mesmo processo (monólito modular) ou distribuídos em serviços separados (microservices).

    O benefício imediato é claro: controle da complexidade. Em vez de lidar com uma massa amorfa de código, equipes trabalham em componentes isolados, que podem ser testados, implantados e evoluídos em ritmos diferentes.

    Mas Building Evolutionary Architectures nos lembra: modularidade não é apenas técnica, é evolutiva. A questão não é “o que é um módulo”, mas “como garantir que esses módulos evoluam no ritmo certo”. É aqui que entram conceitos como:

    • Cohesion: cada módulo deve ter uma responsabilidade clara.
    • Coupling: módulos não devem depender fortemente uns dos outros.
    • Fitness functions: critérios automáticos que validam continuamente se o sistema ainda está modular (ex.: limites de dependência, complexidade ciclomática, tamanho de pacotes).

    Quando usar arquitetura modular

    1. Complexidade de domínio crescente

    Sistemas de negócio tendem a expandir em escopo. Um e-commerce que começou vendendo livros logo passa a lidar com pagamentos internacionais, logística reversa e programas de fidelidade. Cada novo domínio aumenta a chance de o sistema se tornar caótico.

    • Exemplo real: o Mercado Livre mantém módulos separados para Carrinho, Checkout e Pagamentos. Cada área tem times dedicados e evolui com autonomia.
    • Teoria: modularidade aqui funciona como contenção de mudanças. Alterações em logística não devem impactar pagamentos.

    2. Escalabilidade organizacional

    Quando há múltiplos times, módulos tornam-se limites naturais de responsabilidade.

    • Exemplo real: o Spotify adota squads responsáveis por features (playlists, discovery, social). Cada squad opera sobre um módulo de domínio.
    • Teoria: segundo Building Evolutionary Architectures, times precisam de fronteiras evolutivas claras. Sem isso, mudanças cruzadas geram atrito e desaceleram a organização.

    3. Escalabilidade técnica assimétrica

    Nem todo o sistema escala igualmente. Em marketplaces, o catálogo recebe milhões de acessos, mas o backoffice de vendedores tem tráfego muito menor. Modularidade permite escalar apenas o que precisa.

    • Exemplo real: Amazon replica intensamente o módulo de Catálogo, enquanto Logística pode rodar em menos instâncias.
    • Teoria: aqui, modularidade é uma ferramenta de eficiência de recursos.

    4. Robustez contra falhas

    Módulos isolados permitem que falhas sejam contidas.

    • Exemplo real: recomendações da Amazon podem cair sem afetar o checkout.
    • Teoria: é o princípio de bulkheads — isolamento estrutural para evitar efeito dominó.

    Quando não usar arquitetura modular

    1. Sistemas pequenos e em estágio inicial

    Se o objetivo é validar rapidamente uma hipótese de negócio, modularidade pode ser peso morto.

    • Exemplo real: startups que tentam desenhar uma arquitetura “enterprise” antes do PMF (Product-Market Fit) costumam desperdiçar meses.
    • Teoria: Building Evolutionary Architectures alerta para o perigo da overengineering. Fitness functions devem validar evolução real, não criar artefatos artificiais.

    2. Domínios instáveis

    Se o negócio muda semanalmente, os boundaries dos módulos mudam junto. Nesse caso, é mais barato manter um monólito bem estruturado.

    • Exemplo real: uma healthtech em fase de prototipagem pode mudar modelo de cobrança três vezes em três meses. Modularizar cedo demais significa redesenhar módulos repetidamente.
    • Teoria: modularidade é valiosa quando há clareza de domínios. Sem isso, boundaries se tornam dívidas técnicas.

    3. Times pequenos

    Se o sistema será mantido por uma equipe de 2–3 pessoas, os custos de comunicação de módulos superam os benefícios.

    • Exemplo real: aplicações SaaS com clientes iniciais muitas vezes sobrevivem bem com monólitos simples.
    • Teoria: modularidade é uma ferramenta de escala organizacional. Sem escala, vira burocracia.

    O papel do monólito modular

    O monólito modular é o meio-termo entre simplicidade e organização. Ele combina:

    • Benefícios de modularidade (limites de responsabilidade, coesão, isolamento lógico).
    • Benefícios de monólitos (performance, simplicidade operacional, menor overhead de comunicação).

    Essa abordagem é defendida por Martin Fowler e discutida no artigo Monólitos modulares: abordagem moderna na construção de monólitos.

    • Exemplo real: Shopify mantém um monólito modular com mais de uma década de evolução.
    • Teoria: monólitos modulares são arquiteturas evolutivas pragmáticas: permitem crescer sem abraçar a complexidade de microservices cedo demais.

    Modularidade na prática: lições de Building Evolutionary Architectures

    O livro propõe que arquiteturas devem ser tratadas como organismos em evolução, guiados por métricas objetivas (fitness functions). Aplicando esse raciocínio à modularidade:

    • Uma função de fitness pode medir quantas dependências cruzadas existem entre módulos.
    • Outra pode medir tamanho máximo de pacotes para evitar módulos gigantes.
    • Ou ainda, avaliar se tempo de build/testes por módulo permanece estável.

    Em outras palavras: não basta modularizar; é preciso medir continuamente se os módulos permanecem saudáveis.


    Checklist prático avançado

    Você deve modularizar se:

    1. Existem múltiplos domínios relativamente estáveis.
    2. O sistema terá múltiplos times em paralelo.
    3. Há necessidade de escalar partes específicas de forma independente.
    4. Falhas em áreas não críticas não podem impactar o core.
    5. Existe capacidade de manter fitness functions para monitorar saúde da arquitetura.

    Você não deve modularizar se:

    1. O produto ainda está em validação.
    2. O domínio muda semanalmente.
    3. A equipe é pequena e comunicação já é simples.
    4. O custo de coordenação supera o ganho de isolamento.

    Conclusão: modularidade como ponto no contínuo

    Arquitetura modular não é um destino fixo. É uma resposta a problemas de complexidade, escala e organização. Usada cedo demais, gera desperdício. Usada tarde demais, gera caos.

    O verdadeiro objetivo, como defendem Neal Ford e Rebecca Parsons em Building Evolutionary Architectures, é manter sistemas evolutivos, capazes de se adaptar sem perder a integridade. Modularidade é uma das ferramentas mais poderosas para isso, mas precisa ser aplicada no contexto certo — guiada por métricas, alinhada à estratégia e sustentada por times preparados.

    Se há uma lição central, é esta:
    não projete módulos porque é moda, projete módulos porque seu sistema pede por eles.


    Leitura complementar no Código Simples:

    • Design modular: o alicerce das arquiteturas evolutivas
    • Monólitos modulares: abordagem moderna na construção de monólitos

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    Criador do blog Código Simples e com mais 15 anos de experiência em TI, com títulos de MVP Microsoft na área de Visual Studio Development, Neo4j Top 50 Certificate, Scrum Master e MongoDB Evangelist.

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